
A recente legalização da maconha no Uruguai reacendeu, naturalmente, o debate sobre o uso da droga no mundo todo.
Mas Israel Beloch, do grupo Memória Brasil, remexeu o baú da História e mostra que o tema é abordado há muito tempo por aqui e até mesmo no sentido folclórico. O historiador lembra que em “Caatingas e chapadões”, o cientista Francisco de Assis Iglesias descreve que ficou impressionado em suas viagens pelo interior do Maranhão e do Piauí nos idos de 1912 a 1918, há um século, portanto, com o hábito dos sertanejos de fumar maconha, lá conhecida como diamba.
No livro, Iglesias relatou a multiplicação de verdadeiros “clubes de diambistas”, cujos efeitos maléficos criticou acerbamente. Num deles, recolheu a seguinte cantoria entoada no barato coletivo:
“Ó diamba, sarabamba!/
Quando eu fumo a diamba/
Fico com a cabeça tonta,/
E com as pernas zamba/
Fica zamba, mano?/
Dizô! Dizô!”
Na minha terra…
Israel Beloch lembra ainda o escritor e psiquiatra sergipano Garcia Moreno, cujo trabalho foi citado por Câmara Cascudo, no seu “Dicionário do folclore brasileiro”.
Veja o que Garcia, que é autor de livros como “Aspectos do maconhismo em Sergipe”, de 1946, e “O sexo da maconha”, de 1948, diz:
“A maconha tem seus segredos e técnicas até na colheita. Há os pés machos e fêmeas. Os machos de nada servem. Colhê-los assoviando ou na presença de mulher menstruada troca o sexo da planta, a planta fêmea ‘macheia’ e perde as virtudes.”
Ah, bom!
Via Coluna do Ancelmo Gois – Jornal O Globo “Gois de Papel”